O jornal espanhol El País publicou uma matéria neste domingo (13) informando sobre a criação de um banco de desenvolvimento por parte dos países do BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O aporte inicial foi de 50 bilhões de dólares para formar o capital do banco e 100 bilhões de capacidade de empréstimo, além de um fundo de reservas de outros 100 bilhões para ajudar os países do grupo no caso de uma possível crise de liquidez. O texto aponta que a novidade é uma demonstração da força econômica do grupo.
De acordo com o embaixador brasileiro José Alfredo Graça Lima, a criação do banco é um passo decisivo para a consolidação do grupo. Jim O’Neill, inventor do termo BRICS há 13 anos, afirma que este foi “um primeiro passo evidente”, mas que agora o grupo precisa passar para a ação. Por outro lado, o autor infere que a iniciativa levantou dúvidas quanto ao alcance e a eficácia da coordenação do BRICS, pois a criação do banco demorou dois anos devido a divergências internas.
“A intenção é que o banco dos BRICS se torne, com o tempo, uma alternativa ao Banco Mundial e ao FMI e que seja um novo jogador entre as instituições financeiras globais. É um objetivo ambicioso, que exigirá um grau de coordenação e harmonia que nem sempre vimos nesse grupo”, acrescenta Vivek Dehejia, professor de economia da Universidade de Carleton, no Canadá.
A publicação relata que Nicholas Stern, presidente do Grantham Research Institute da London School of Economics e da Academia Britânica, e o prêmio Nobel Joseph Stiglitz lembraram que o banco precisa dar respostas às necessidades urgentes dos países emergentes em termos de infra-estrutura. Segundo Stern, o gasto em infraestrutura deve aumentar dos 800 bilhões de dólares atuais para pelo menos 2 trilhões na próxima década.