22
nov
2013

SÃO PAULO – Sebastian Vettel é uma unanimidade na Fórmula 1. Venceu os quatro últimos campeonatos pela Red Bull com todos os méritos. Mas, quando os carros deixarem os boxes, hoje, às 10 horas, para os primeiros treinos livres do GP do Brasil, em Interlagos, outro piloto gera nos profissionais da competição e em milhões de fãs no mundo o mesmo respeito dedicado a Vettel: Fernando Alonso, da Ferrari. Há quem afirme que o espanhol é o piloto mais completo em ação.

Em entrevista exclusiva ao Estado, Alonso falou sobre essa questão, ser considerado por muitos como o melhor, mas venceu seu último campeonato ainda em 2006, pela Renault. “Não tem outro remédio a não ser ter paciência. Às vezes é frustrante, às vezes considero normal. Há dias e dias. O que me resta é usar essa gana de ser campeão, essa raiva, no bom sentido, para trabalhar ainda mais e voltar a vencer”, disse.

Alonso disse que será preciso esperar o momento em que a Red Bull não dará um supercarro a Vettel para todos conhecerem “quão bom é o alemão”. Ontem, defendeu o tetracampeão e, usando como referência, surpreendentemente, o seu amigo, Mark Webber, companheiro de Vettel. Uma pergunta fica sempre no ar, a de quanto o fantástico carro que Adrian Newey, diretor técnico da Red Bull, entrega a Vettel pesa no tetra. “Webber com o mesmo carro não foi capaz de ganhar nenhum título. Está claro que Sebastian tem mérito.”

Quando acabar a corrida, domingo, Alonso terá disputado quatro temporadas pela Ferrari. Certamente imaginava já ter conquistado o título ao menos uma vez. E chegou perto, em 2010 e no ano passado, quando foi vice. Este ano fez duras críticas ao desenvolvimento do carro, no GP da Hungria, e criou uma crise. O foco é na próxima temporada. “Tenho de acreditar que a Ferrari vai produzir um bom carro para 2014.”

A pergunta é inevitável: e se não for? Há o risco grande diante da mudança radical do regulamento de uma equipe conceber um carro muito mais eficiente que as demais. “Paciência (expressão de quem está apreensivo). Farei como este ano. Quando vimos que Sebastian seria campeão, tivemos de colocar como objetivo terminar em segundo, eu e a Ferrari.” Quem conhece Alonso sabe que abdicar da luta pelo título o transforma. Vai contra seus instintos, razão de retaliar os responsáveis pela área de projeto do time e ser chamado atenção publicamente pelo presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, após a Hungria.

NOVO REVÉS
A partir daí, passou a se referir à escuderia como antes, o grupo ganha e perde junto. Sobre esta temporada, por exemplo, mais uma em que teve de assistir a Vettel passear na pista, Alonso comentou: “Tenho de ver as coisas de maneira global e esportiva. Se merecidamente ou não o pacote Alonso-Ferrari não foi suficientemente bom para vencer Vettel-Red Bull, tenho de tentar, agora, em 2014”.

Há um aspecto que anima Alonso em relação a 2014. A responsabilidade do piloto no resultado deverá ser maior. “Algumas decisões caberão a nós, pilotos, sem tanta interferência dos engenheiros ou da eletrônica.” O piloto não tem dúvida: “Exigirá maior preparação”. Esse espanhol de 32 anos não fala de sua vida pessoal. Aceitou, contudo, explicar por que se tornou um homem tão mais feliz nos últimos dois anos, a ponto de viver intensamente as mídias sociais e fazer tatuagem de dimensões generosas nas costas. É um comportamento oposto ao conservadorismo até então demonstrado. “Você se torna mais maduro, passa a valorizar mais algumas coisas e menos outras.”

E aborda a relação com a namorada, a bela modelo russa Dasha Kapustina. “Dasha é uma pessoa importante, minha companheira. Fora dos dias de trabalho estamos sempre juntos.” A família deverá crescer. “Mas não por hora. No futuro, 100% sim.”

O Estado de São Paulo

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