12
ago
2014

Medidas urgentes e de choque. A ministra da Agricultura, Isabel García Tejerina, anunciou nesta segunda-feira, depois de se reunir com associações de produtores de frutas e hortaliças, que pedirá à Comissão Europeia a retirada da produção excedente dos setores afetados pelo veto russo à exportação. O objetivo é que, depois da proibição da entrada de alimentos na Rússia, o produto excedente não afunde os preços no mercado. As frutas e verduras retiradas, que a ministra da Agricultura espanhola sugere sejam financiadas com “fundos de gestão de crise da ajuda comunitária da PAC”, seriam destinadas a bancos de alimentos ou à indústria de transformação, para afastar uma eventual espiral de queda generalizada dos preços.

A proposta do Ministério da Agricultura encontrou o apoio da indústria, que repetiu que a proibição imposta pelo Kremlin à UE e aos EUA no último dia 7 de agosto é “grave e dramática”. Tejerina afirmou que a proposta será apresentada na próxima quinta-feira no comitê de gestão extraordinário criado na UE, e lembrou que a ameaça para o setor alimentar espanhol não vem apenas da impossibilidade exportar para a Rússia, mas pela proibição imposta a todo o mercado europeu.

“A Comissão tem consciência de que esta é uma situação que abrange o âmbito comunitário e como consequência as medidas devem ser adotados no mesmo”, destacou. Ela não descartou a possibilidade de que os países membros possam sugerir a adoção de medidas complementares. Tejerina lembrou que o impacto das restrições à exportação está na casa dos 337 milhões de euros (cerca de um bilhão de reais) para a Espanha, e que as exportações dos setores afetados alcançaram 107 milhões de euros (326 milhões de reais) entre janeiro e maio de 2014.

As associações de produtores, por sua vez, elogiaram a rapidez da intervenção do Ministério da Agricultura, e enfatizaram a necessidade de se atuar com urgência. “A retirada tem que ser a primeira medida de choque para evitar um efeito dominó de queda dos preços”, insistiu Miguel Blanco, da COAG —Coordenadora de Associações de Agricultores e Pecuaristas—, acrescentando que a UE deveria acolher os produtos procedentes dos países comunitários de maneira preferencial em relação a mercadorias de outras origens.

O setor também concorda que Bruxelas é quem deve assumir a responsabilidade de encontrar uma saída para a crise. “Se foi uma decisão política que nos colocou em cheque, tem que haver uma decisão política para sair. E que seja de choque”, resumiu o presidente da COAG, à espera de medidas que serão tomadas depois da reunião convocada para a próxima segunda-feira, dia 18, entre o Ministério da Agricultura e as associações de produtores.

El Pais

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